quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ideário iluminista

Os pensadores iluministas não propunham uma revolução, mas uma ampla reforma. Ocorre que o projeto iluminista levou a burguesia a adotar uma postura crítica em relação à tradição cultural e ao Estado e, a partir daí, propor a transformação da antiga ordem num mundo completamente novo, o mundo burguês.

Os iluministas defendiam um Estado constitucional, ou seja, a existência de uma autoridade nacional central com poderes bem definidos e limitados e uma ampla margem de liberdade civil.

terça-feira, 21 de abril de 2015

O exercício profissional do pedagogo: somos muitos pedagogos

Quem, então, pode ser chamado de pedagogo? O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetiva de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica.

Esse entendimento permite falar de três tipos de pedagogos:

 1) pedagogos lato sensu, já que todos os profissionais se ocupam de domínios e problemas da prática educativa em suas várias manifestações e modalidades, são, genuinamente, pedagogos. São incluídos, aqui, os professores de todos os níveis e modalidades de ensino;

 2) pedagogos stricto sensu, como aqueles especialistas que, sempre com a contribuição das demais ciências da educação e sem restringir sua atividade profissional ao ensino, trabalham com atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, educação especial, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em empresas, escolas e outras instituições;

3) pedagogos ocasionais, que dedicam parte de seu tempo em atividades
conexas à assimilação e reconstrução de uma diversidade de saberes.

O curso de Pedagogia se destina a formar o pedagogo-especialista, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, para atender demandas socioeducativas (de tipo formal, não-formal e informal) decorrentes de novas realidades, tais como novas tecnologias, novos atores sociais, ampliação do lazer, mudanças nos ritmos de vida, sofisticação dos meios de comunicação.

Além disso, informar as mudanças profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação ambiental, nos serviços de lazer e animação cultural, nos movimentos sociais, nos serviços para a terceira idade, nas empresas, nas várias instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia, nos programas sociais, na televisão e na produção de vídeos e filmes, nas editoras, na educação especial, na requalificação profissional etc.

A caracterização de pedagogo-especialista é necessária para distinguilo do profissional docente. Importa formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico (atuação profissional em um amplo leque de práticas educativas)
e trabalho docente (forma peculiar que o trabalho pedagógico assume na escola).

Caberia, também, entender que todo trabalho docente é trabalho pedagógico,
mas que nem todo trabalho pedagógico é trabalho docente.

A partir de indicações de BEILLEROT (1985), podemos definir para o pedagogo duas esferas de ação educativa: escolar e extra-escolar.

No campo da ação pedagógica escolar, há três tipos de atividades que se distinguem:

a    a) a de professores do ensino público e privado, de todos os níveis de ensino e dos que exercem atividades correlatas fora da escola convencional;

      b) a de especialistas da ação educativa escolar operando nos níveis centrais, intermediários e locais dos sistemas de ensino (supervisores pedagógicos, gestores, administradores escolares, planejadores, coordenadores, orientadores educacionais etc.);


     c) especialistas em atividades pedagógicas para escolares atuando em órgãos públicos, privados e públicos não-estatais, envolvendo associações populares, educação de adultos, clínicas de orientação pedagógica/ psicológica, entidades de recuperação de portadores de necessidades especiais etc. (instrutores, técnicos, animadores, consultores, orientadores, clínicos, psicopedagogos etc.).

No campo da ação pedagógica extra-escolar, há profissionais que exercem sistematicamente atividades pedagógicas e os que ocupam apenas parte de seu tempo nessas atividades:

a) formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores,
orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (nãoescolares), em órgãos públicos, privados e públicos não-estatais, ligadas às empresas, à cultura, aos serviços de saúde, alimentação, promoção social etc.;

b) formadores ocasionais, que ocupam parte de seu tempo em atividades pedagógicas, em órgãos públicos estatais, não-estatais e empresas, referentes à transmissão de saberes e técnicas ligados a outra atividade profissional especializada. Falo, por exemplo, de engenheiros, supervisores de trabalho, técnicos etc., que dedicam boa parte de seu tempo a supervisionar ou ensinar trabalhadores no local de trabalho, orientar estagiários etc. Nessa categoria, são incluídos trabalhadores sociais, monitores e instrutores de recreação e educação física, bem como profissionais das mais diversas áreas, nas quais ocorre algum tipo de atividade pedagógica, tais como: administradores de pessoal, redatores de jornais e revistas, comunicadores sociais e apresentadores de programas de rádio e TV, criadores de programas de TV, de vídeos educativos, de jogos e brinquedos, elaboradores de guias urbanos e turísticos, mapas, folhetos informativos, agentes de difusão cultural e científica etc.



LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos...

A Pedagogia e as demais ciências da educação

A Pedagogia não é, certamente, a única área científica que tem a educação como objeto de estudo. Também a Sociologia, a Psicologia, a Economia e a Lingüística podem se ocupar de problemas educativos para além de seus próprios objetos de investigação e, nessa medida, os resultados de seus estudos são imprescindíveis para a compreensão do educativo.

Entretanto, cada uma dessas ciências aborda o fenômeno educativo sob a perspectiva de seus próprios conceitos e métodos de investigação. É a Pedagogia que pode postular o educativo propriamente dito e ser ciência integradora dos aportes das demais áreas. O que não quer dizer, todavia, que ela, por isso, possa ocupar lugar hierarquicamente superior às demais.

A pedagogia, com isso, é um campo de estudos com identidade e problemáticas próprias. Seu campo compreende os elementos da ação educativa e sua contextualização, tais como o aluno enquanto sujeito do processo de socialização e aprendizagem, os agentes de formação (inclusive a escola e o professor), as situações concretas em que se dão os processos formativos (inclusive o ensino), o saber como objeto de transmissão/assimilação, o contexto socioinstitucional das instituições (inclusive as escolas e salas de aula).
Resumidamente, o objetivo do pedagógico se configura na relação entre os elementos da prática educativa: o sujeito que se educa, o educador, o saber e os contextos em que ocorrem.

Essa problemática nenhuma das demais ciências trata especificamente.

Quando um psicólogo investiga ou atua no campo educacional, ele aplica aí os conceitos e métodos da Psicologia e os resultados que obtém são de ordem psicológica (ESTRELA, 1992). O mesmo ocorre com a Sociologia, Economia etc. À Pedagogia cabe integrar os enfoques parciais dessas diversas ciências em função de uma aproximação global e intencionalmente dirigida aos problemas educativos.




LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Natureza e identidade da Pedagogia. O que é a Pedagogia, quem é o pedagogo?


A idéia de senso comum, inclusive de muitos pedagogos, é a de que Pedagogia é ensino, ou melhor, o modo de ensinar.

Uma pessoa estuda Pedagogia para ensinar crianças. O pedagógico seria o metodológico, o modo de fazer, o modo de ensinar a matéria. Trabalho pedagógico seria o trabalho de ensinar, de modo que o termo pedagogia estaria associado exclusivamente a ensino.

Há, de fato, uma tradição na história da formação de professores no Brasil segundo a qual pedagogo é alguém que ensina algo. Essa tradição teria se firmado no início da década de 30, com a influência tácita dos chamados “pioneiros da educação nova”, tomando o entendimento de que o curso de Pedagogia seria um curso de formação de professores para as séries iniciais da escolarização obrigatória.

O raciocínio é simples: educação e ensino dizem respeito a crianças (inclusive porque “peda”, do termo pedagogia, é do grego “paidós”, que significa criança). Ora, ensino se dirige a crianças, então quem ensina para crianças é pedagogo. E para ser pedagogo, ensinador de crianças, é preciso fazer um curso de Pedagogia. Foi essa idéia que permaneceu e continua viva na experiência brasileira de formação de professores.

Aliás, a aceitar esse raciocínio, não sabemos porque os cursos de licenciatura também não receberam a denominação de cursos de Pedagogia.

A idéia de conceber o curso de Pedagogia como formação de professores, a meu ver, é muito simplista e reducionista, é, digamos, uma idéia de senso comum. A Pedagogia se ocupa, de fato, com a formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, antes disso, ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante.

Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. O didata alemão SCHIMIED-KOWARZIK (1983) chama a Pedagogia de ciência da e para a educação, portanto é a teoria e a prática da educação.

Ela tem um caráter ao mesmo tempo explicativo, praxiológico e normativo da realidade educativa, pois investiga teoricamente o fenômeno educativo, formula orientações para a prática a partir da própria ação prática e propõe princípios e normas relacionados aos fins e meios da educação.

Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo
sistemático da educação − do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da atividade humana, como fato da vida social, inerente
ao conjunto dos processos sociais. Não há sociedade sem práticas educativas.

Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo do educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. De modo que não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de ensino. Por conseqüência, se há uma diversidade de práticas educativas, há também várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc., além, é claro, da pedagogia escolar.

Podemos dizer, então, que a toda educação corresponde uma pedagogia. Mas o que entendemos sobre esse termo que denominamos educação ou prática educativa? Educação compreende o conjunto dos processos, influências, estruturas e ações que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais, visando a formação do ser humano. A educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma configuração à nossa existência humana individual e grupal. Escreve a esse respeito o pedagogo alemão SCHMIED-KOWARZIK (1983):

A educação é uma função parcial integrante da produção e reprodução
da vida social, que é determinada por meio da tarefa natural e, ao mesmo
tempo, cunhada socialmente da regeneração de sujeitos humanos, sem
os quais não existiria nenhuma práxis social.

A história do progresso
social é simultaneamente também um desenvolvimento dos indivíduos
em suas capacidades espirituais e corporais e em suas relações mútuas.
A sociedade depende tanto da formação e da evolução dos indivíduos
que a constituem, quanto estes não podem se desenvolver fora das
relações sociais.


Libaneo

Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas

A Sociedade  pedagógica


José Carlos Libâneo*


Um dos fenômenos mais significativos dos processos sociais contemporâneos é a ampliação do conceito de educação e a diversificação das atividades educativas, levando, por consequência, a uma diversificação da ação pedagógica na sociedade. Em várias esferas da prática social, mediante as modalidades de educação informais, não-formais e formais, é ampliada a produção e disseminação de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, habilidades, hábitos, procedimentos, crenças, atitudes), levando a práticas pedagógicas. Estamos diante de uma sociedade genuinamente pedagógica, conforme expressão de BEILLEROT (1985).

Apesar disso, a Pedagogia como campo de estudos específicos vive, hoje, no Brasil, um grande paradoxo. Por um lado, está em alta na sociedade.

Nos meios profissionais, políticos, universitários, sindicais, empresariais, nos meios de comunicação, nos movimentos da sociedade civil, verificamos uma redescoberta da Pedagogia.

Observamos uma movimentação na sociedade mostrando uma ampliação do campo do educativo com a conseqüente repercussão no campo do pedagógico.

Enquanto isso, essa mesma Pedagogia está em baixa entre intelectuais e profissionais do meio educacional, com uma forte tendência em identificá-la apenas com a docência, quando não para desqualificá-la como campo de saberes específicos. Os próprios pedagogos – falo especificamente dos que lidam com a educação escolar – parecem estar se escondendo de sua profissão ao não fazerem frente às investidas contra a Pedagogia e ao exercício profissional dos pedagogos especialistas, adotando uma atitude desinteressada frente à especificidade dos estudos pedagógicos e aos próprios conteúdos e processos que eles representam.

Por razões ainda muito pouco esclarecidas, boa parte dos sociólogos da educação, psicólogos da educação, filósofos da educação, que têm seus empregos e suas pesquisas em faculdades de educação, vêm se mobilizando pela desativação dos estudos específicos da Pedagogia.

Entretanto, a sociedade atual é eminentemente pedagógica, ao ponto de ser chamada de sociedade do conhecimento.

Vejamos alguns exemplos. Está se acentuando o poder pedagógico dos meios de comunicação: TV, imprensa, escrita, rádio, revistas, quadrinhos. A mídia se especializa em fazer cabeças, não apenas no campo econômico, político; especialmente no campo moral, vemos diariamente a veiculação de mensagens educativas, a disseminação de saberes e modos de agir através de programas, vinhetas e chamadas sobre educação ambiental, AIDS, drogas, saúde. Há práticas pedagógicas nos jornais, nas rádios, na produção de material informativo, tais como livros didáticos e paradidáticos, enciclopédias, guias de turismo, mapas, vídeos, revistas; na criação e elaboração de jogos, brinquedos; nas empresas, há atividades de supervisão do trabalho, orientação de estagiários, formação profissional em serviço.

Há uma prática pedagógica nas academias de educação física, nos consultórios clínicos. Na esfera dos serviços públicos estatais, são disseminadas várias práticas pedagógicas de assistentes sociais, agentes de saúde,agentes de promoção social nas comunidades etc. São práticas tipicamente pedagógicas. Os programas sociais de medicina preventiva, informação sanitária, orientação sexual, recreação, cultivo do corpo, assim como práticas pedagógicas em presídios, hospitais, projetos culturais são ampliados.

Ano a ano aumenta o número de congressos, simpósios, seminários. São desenvolvidas, em todo o lugar, iniciativas de formação continuada nas escolas, nas indústrias. As empresas reconhecem a necessidade de formação geral como requisito para enfrentamento da intelectualização do processo produtivo.

O mundo assiste hoje à 3.a Revolução Industrial, caracterizada pela internacionalização da economia, por inovações tecnológicas em vários campos, como a informática, a microeletrônica, a bioenergética.

Essas transformações tecnológicas e científicas levam à introdução, no processo produtivo, de novos sistemas de organização do trabalho, mudança no perfil profissional e novas exigências de qualificação dos trabalhadores, o que acaba afetando o sistema de ensino.

Não é casual que parcela do empresariado, surpreendentemente, esteja redescobrindo o papel da escola na formação geral, para além do interesse pela requalificação profissional. De fato, com a “intelectualização” do processo produtivo, o trabalhador não pode mais ser improvisado. São requeridas novas habilidades, mais capacidade de abstração, de atenção, um comportamento profissional mais flexível. Para tanto, a necessidade de formação geral se repõe, implicando reavaliação dos processos de aprendizagem, familiarização com os meios de comunicação e com a informática, desenvolvimento de competências comunicativas, de capacidades criativas para análise de situações novas e cambiantes, capacidade de pensar e agir com horizontes mais amplos. Estamos frente a exigências de formação de um novo educador.

Verificamos, assim, uma ação pedagógica múltipla na sociedade, em que o pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal, criando formas de educação paralela, desfazendo praticamente todos os nós que separavam escola e sociedade.

* Universidade Católica de Goiás.

domingo, 19 de abril de 2015



José Carlos Libâneo nasceu em Angatuba, cidade do interior do estado de São Paulo, no ano de 1945 e cursou o ensino fundamental e médio no Seminário Diocesano de Sorocaba (SP). Graduou-se em filosofia na PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), em 1966. Em 1984 tornou-se “MESTRE” da educação escolar brasileira e “DOUTOR” em educação, posteriormente.


Em seu livro “Democratização da Escola Pública – A Revisão Crítico-Social dos Conteúdos”, José Carlos Libâneo defende um modelo de escola mais concentrada nas classes sociais menos favorecidas, onde seus métodos de ensino fossem principalmente pautados no estímulo do desenvolvimento da consciência crítica de cada indivíduo a fim de despertá-lo para a sua condição de oprimido e proporcionar a ele subsídios para que venha a se tornar um agente transformador da sociedade. Essa educação deveria servir como um instrumento de luta para a compreensão e transformação dos conceitos sociais.


Valorizava o uso de um conhecimento que possibilitasse a liberdade intelectual e política para que as pessoas dessem real significado à informação, julgando-a criticamente e tomando decisões mais livres e acertadas. Ele propõe quatro pilares básicos para a escola de hoje.


O primeiro deles é o de preparar os alunos para o processo produtivo e para a vida na sociedade atual, investindo na formação geral, isto é, no domínio de instrumentos básicos conhecimentos, conceitos, habilidades, valores, atitudes que propiciem uma visão de conjunto das coisas, capacidade de tomar decisões, de fazer análises globalizantes de interpretar informações, de trabalhar em equipes interdisciplinares etc.


Em segundo lugar, auxiliar os alunos nas competências do pensar autônomo, crítico e criativo, para que estes possam desenvolver a capacidade de aprender, de desenvolver os próprios meios de pensamento, de buscar informações.


O terceiro é a formação para a cidadania crítica e participativa, onde escolas criem espaços de participação dos alunos dentro e fora da sala de aula de forma organizada onde estes possam praticar democracia, iniciativa, liderança e responsabilidade.


O quarto objetivo é a formação ética. É urgente que os diretores, coordenadores e professores entendam que a educação moral é uma necessidade premente da escola atual e que eles precisam constantemente investir na capacitação efetiva para empregos reais e na formação do sujeito político socialmente responsável.


Ele acreditava na reforma educacional como objeto de transformação e crescimento e por isso mesmo ficou conhecido como um dos maiores pensadores do nosso país, contribuinte importantíssimo na defesa intransigente da consolidação de uma escola pública de qualidade em nosso País.


O papel da escola segundo a concepção de Libâneo


O fenômeno da globalização trouxe fortes responsabilidades para as várias instituições e setores da sociedade ligados, especialmente, os relacionados ao mundo do trabalho. Esse fato ocorreu devido à necessidade de qualificação profissional que pudesse dar manutenção ao novo cenário formado pela globalização e que está diretamente ligado ao capitalismo desenfreado.


Nesse novo contexto, a escola recebeu uma sobrecarga de responsabilidades, dentre elas estão: “incluir, preocupar-se com a formação de maneira interdisciplinar, atender às demandas do mundo tecnológico e formar pessoas dotadas de ética”. (LAGAR at al., 2013, p.43 apud Libâneo)


A formação do homem


No “novo mundo”, surge a necessidade de uma educação que forme integralmente o homem. Porém, paralelamente a este discurso, eis que surge a ideia de privatização da escola, evidenciando uma das faces do neoliberalismo. Sendo assim, na concepção neoliberal defende-se a evidência da escola privada sobre a pública. O neoliberalismo prega a ideia de competitividade, de individualismo. Foi aí onde a escola pública adquiriu um novo desáfio: sobrepor-se às ideias neoliberais e formar cidadãos voltados ao coletivo, à ideia de convivência social e compartilhamento.


Para que a escola pública possa promover uma formação integral do homem, ela deverá se unir as demais instituições sociais e, juntas, buscar as necessidades e expectativas do indivíduo, agindo para que os sonhos dos aprendizes se tornem realidade. É importante também que esses sonhos sejam encaminhados para o campo da coletividade, fazendo-se entender que o sonho sonhado por todos torna-se forte, realizável.



A escola pública


A união da escola pública com as demais instituições sociais facilitará o encontro com a qualidade do ensino. “A escola pública é uma instituição que tem o compromisso voltado à democratização do ensino. Democratizar o ensino é permitir a todos o acesso aos bens culturais produzidos pela humanidade”. (LAGAR et al., 2013, p. 44)


Segundo Libâneo (2007), são três os objetivos da escola: (1) “a preparação para o processo produtivo e para a vida em uma sociedade técnico-informacional; (2) formação para a cidadania crítica e participativa; (3) formação ética”. Em relação ao primeiro objetivo, a escola deverá preparar o indivíduo para o mundo do trabalho, inseri-lo no meio tecnológico, capacitá-lo para a compreensão e uso das novas tecnologias, bem como promover a sua formação sociocultural. O segundo objetivo aponta para a formação de um aluno capaz de exercer a cidadania, compreender e aplicar os direitos de cada indivíduo, ser crítico e participar dos processos de transformação da sociedade, opinando, interferindo positivamente. Por último, o terceiro objetivo aponta para uma formação ética, que compreenda os valores morais, a ideia de limites, certo e errado.
          
Nesta ótica, a escola deverá buscar aplicar a ideia de inter setorialidade, que significa a união com todos os setores da sociedade que possibilitem a formação integral do aluno e, consequentemente, a qualidade do ensino. Esse processo de união intersetorial extingue o trabalho solitário por muitas vezes realizado pela escola e comumente relacionado ao fracasso educacional.


Não se faz ou pratica educação solitariamente. O trabalho solitário torna as tarefas enfadonhas e complexas. Educar é dever de todos os setores da sociedade e não somente da escola. Claro que cada um vai contribuir com as suas áreas de competências e a soma de todos os esforços terá como resultado a real aprendizagem.

Fontes: Concepções de Escola, Ensino e Aprendizagem; Infoescola.